Notícias - Locais


Jurista diz que aumento da idade de aposentadoria é incompatível com realidade alagoana

A proposta de aumento da idade mínima de aposentadoria para 65 anos (homens e mulheres), com 49 anos de contribuição; e do benefício de prestação continuada (BPC), de 65 para 70 anos de idade, é incompatível com a realidade da maioria dos alagoanos que reside em áreas onde a perspectiva de vida fica bem abaixo dessa faixa etária.

Essa é a avaliação do juiz trabalhista da 19ª Regional  (TRT-AL), Henrique Cavalcante, que atua no município sertanejo de Santana do Ipanema. Ele foi um dos palestrantes da manhã deste sábado, no seminário sobre a PEC 287 e a Reforma da Previdência, promovido pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário de Alagoas (Serjal), para os seus filiados.

“Com essa regra, a maioria dos alagoanos não se aposenta. Quem conhece a realidade do sertão alagoano sabe do que estou falando. Ali, a média de vida dificilmente chega aos 65 anos de idade. Às vezes nos deparamos com uma pessoa de 35 anos, com aparência muito mais envelhecida, devido às dificuldades extremas que enfrentam ao longo da vida”, destacou o magistrado, em sua palestra sobre “A PEC 287 na perspectiva do Direito Social e do Trabalho”.

Ele destacou que a intenção dos que defendem o projeto não é apenas atacar os direitos sociais dos trabalhadores, mas acabar com a Justiça do Trabalho, como já deixou claro o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

Henrique Cavalcante dividiu espaço com o economista do Dieese, Thiago Rodarte, que falou dos novos cálculos para a aposentadoria e as principais perdas que eles representam para os trabalhadores, tornando, para muitos, a aposentadoria um sonho impossível de alcançar.

O dabate foi enriquecido, ainda, com as participações do presidente da Fenajud, Luiz Fernando Pereira, e do deputado Ronaldo Medeiros (PMDB-AL), funcionário de carreira e ex-superintendente do INSS em Alagoas.

“Esse seminário nos mostrou, de forma mais clara, o quanto temos que resistir, o quanto tempos que nos mobilizarmos para enfrentar essa luta com coragem e determinação. Não podemos permitir que metam a mão no nosso direito à aposentadoria”, destacou Raquel Faião, no encerramento do seminário.